Trabalhar para viver e não
para morrer
Por Luciene Silva
Entre janeiro e outubro de
2011, pelo menos 40.779 trabalhadores foram vítimas de acidentes graves de
trabalho, dos quais 1.143 morreram, segundo o Ministério da Saúde. Os dados
englobam trabalhadores de diversos setores de atividade, mas se referem apenas
aos atendimentos na rede de serviços de saúde credenciada do Sistema de Agravos
de Notificação (Sinan). Desde 2004, uma determinação do ministério obriga os
médicos a notificarem os casos graves de acidentes de trabalho.
Os números oficiais de
acidentes de trabalho no País, portanto, são bem maiores que os do Ministério
da Saúde, porém, são divulgados com atraso de quase um ano pelo Ministério da
Previdência Social. Em 2010, foram 701.496 acidentes, 31,8 mil a menos do que
em 2009. O número de mortes, no entanto, aumentou de 2.650 para 2.712. Mas ele
é ainda maior.
Goiás registra diariamente, em
média, 45 acidentes de trabalho. Mais de três trabalhadores perdem a vida a
cada mês nesta situação, segundo dados da Superintendência Regional do Trabalho
e Emprego no Estado. Os números oficiais, alarmantes, são subnotificados,
porque não incluem os acidentes de trabalho ocorridos na informalidade, nem no
serviço público.
Enquanto existir a cultura da
CULPABILIDADE, ou seja, a busca apenas dos culpados e não cuidar da origem,
esses números tende só a crescer.
Varias medidas tem sido tomado
pelos governos na busca de qualificação, porem a cultura brasileira de REMEDIAR
para emendar, está custando à vida de pessoas que geram a riqueza do nosso
país.
A carga horária dos cursos
profissionalizantes destinada à Segurança do Trabalho é vergonhosa! Exemplo
disso é o descaso dos profissionais habilitados aos seus Equipamentos de
Proteção Individual – EPI.
Há poucos dias em uma visita
em determinada construção, vi o encarregado fazendo reparos em uma máquina em
funcionamento, e fui alertá-lo que aquele procedimento poderia arrancar a sua
mão. Ele, assustado, olhou-me e disse: - mas eu faço isso sempre, desde que
comecei a trabalhar e nunca tive problemas. Argumentei: -Equipamentos
eletrônicos e maquinas não tem cérebro nem sentimentos. Em nada vai doer nelas
arrancar suas mãos, braços e sua vida!
Uma cultura prevencionista
depende de todos nós, porém, existem instituições que deveriam por obrigação
cuidar desse tema e não o fazem, cito aqui os sindicatos classistas e
patronais- que leiam no artigo 592 da CLT- e fica a pergunta: quantos
sindicatos têm um profissional capacitado em segurança no trabalho para
fiscalização, conscientização e estudo dos riscos da categoria?
Se forem contabilizados os
gastos com os acidentados, tanto para as empresas quanto para o governo é
sabido que a prevenção é inúmeras vezes mais baixas. Prevenção é investimento e
não gasto.
É triste ver a falta de
conhecimento dos trabalhadores sobre seus direitos e deveres, ainda existem
trabalhadores que pra não perder o emprego, por desconhecimento, se sujeitam a
exercer funções de risco. Outros exemplos:
Um soldador que foi fazer um
reparo de solda em um tanque de combustível vazio, resultado: 80% do corpo
queimado, mutilado e sem expectativas de retorno a lida.
Um caminhão carregado de
açúcar tombou na BR-153, em Itumbiara. Quando os policiais foram investigar as
circunstâncias, descobriram que o motorista estava dirigindo há 15 horas, sem
pausa.
A cada dia que passa se
compromete mais a “QUALIDADE DE VIDA” dos trabalhadores, por falta de
informação e conscientização. Devemos trabalhar para viver, viver melhor com
qualidade e não para morrer! Para isso devemos unir forças, conhecimentos e
buscar urgente uma CULTURA PREVENCIONISTA!
Luciene Silva – Tecnóloga em
Segurança no Trabalho
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