Luciene Silva

Luciene Silva

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Trabalhar para viver e não para morrer


Trabalhar para viver e não para morrer
Por Luciene Silva
Entre janeiro e outubro de 2011, pelo menos 40.779 trabalhadores foram vítimas de acidentes graves de trabalho, dos quais 1.143 morreram, segundo o Ministério da Saúde. Os dados englobam trabalhadores de diversos setores de atividade, mas se referem apenas aos atendimentos na rede de serviços de saúde credenciada do Sistema de Agravos de Notificação (Sinan). Desde 2004, uma determinação do ministério obriga os médicos a notificarem os casos graves de acidentes de trabalho.
Os números oficiais de acidentes de trabalho no País, portanto, são bem maiores que os do Ministério da Saúde, porém, são divulgados com atraso de quase um ano pelo Ministério da Previdência Social. Em 2010, foram 701.496 acidentes, 31,8 mil a menos do que em 2009. O número de mortes, no entanto, aumentou de 2.650 para 2.712. Mas ele é ainda maior.
Goiás registra diariamente, em média, 45 acidentes de trabalho. Mais de três trabalhadores perdem a vida a cada mês nesta situação, segundo dados da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Estado. Os números oficiais, alarmantes, são subnotificados, porque não incluem os acidentes de trabalho ocorridos na informalidade, nem no serviço público.
Enquanto existir a cultura da CULPABILIDADE, ou seja, a busca apenas dos culpados e não cuidar da origem, esses números tende só a crescer.
Varias medidas tem sido tomado pelos governos na busca de qualificação, porem a cultura brasileira de REMEDIAR para emendar, está custando à vida de pessoas que geram a riqueza do nosso país.
A carga horária dos cursos profissionalizantes destinada à Segurança do Trabalho é vergonhosa! Exemplo disso é o descaso dos profissionais habilitados aos seus Equipamentos de Proteção Individual – EPI.
Há poucos dias em uma visita em determinada construção, vi o encarregado fazendo reparos em uma máquina em funcionamento, e fui alertá-lo que aquele procedimento poderia arrancar a sua mão. Ele, assustado, olhou-me e disse: - mas eu faço isso sempre, desde que comecei a trabalhar e nunca tive problemas. Argumentei: -Equipamentos eletrônicos e maquinas não tem cérebro nem sentimentos. Em nada vai doer nelas arrancar suas mãos, braços e sua vida!
Uma cultura prevencionista depende de todos nós, porém, existem instituições que deveriam por obrigação cuidar desse tema e não o fazem, cito aqui os sindicatos classistas e patronais- que leiam no artigo 592 da CLT- e fica a pergunta: quantos sindicatos têm um profissional capacitado em segurança no trabalho para fiscalização, conscientização e estudo dos riscos da categoria?
Se forem contabilizados os gastos com os acidentados, tanto para as empresas quanto para o governo é sabido que a prevenção é inúmeras vezes mais baixas. Prevenção é investimento e não gasto.
É triste ver a falta de conhecimento dos trabalhadores sobre seus direitos e deveres, ainda existem trabalhadores que pra não perder o emprego, por desconhecimento, se sujeitam a exercer funções de risco. Outros exemplos:
Um soldador que foi fazer um reparo de solda em um tanque de combustível vazio, resultado: 80% do corpo queimado, mutilado e sem expectativas de retorno a lida.
Um caminhão carregado de açúcar tombou na BR-153, em Itumbiara. Quando os policiais foram investigar as circunstâncias, descobriram que o motorista estava dirigindo há 15 horas, sem pausa.
A cada dia que passa se compromete mais a “QUALIDADE DE VIDA” dos trabalhadores, por falta de informação e conscientização. Devemos trabalhar para viver, viver melhor com qualidade e não para morrer! Para isso devemos unir forças, conhecimentos e buscar urgente uma CULTURA PREVENCIONISTA!

Luciene Silva – Tecnóloga em Segurança no Trabalho 

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